VIVA!
Abraços daqui!
Veja aqui para saber mais!
Amigos, vejam só! Hoje cedinho coloquei aqui este post sobre o Rio.
Duas horas depois, fui ao centro, pois levei Christian para o dentista. Perto da escola onde meu filho estuda, localiza-se o Hotel Sankt Petri, onde vi uma bandeira do Brasil estendida aos céus. E que bandeira! Impossível não notá-la - simplesmente enorme. Bom, meu coração disparou... O que será? Fui até a entrada do Hotel e vi grandes cartazes sobre a cidade do Rio de Janeiro - candidata para sediar os Jogos Olímpicos em 2016. Eu, na verdade, já havia lido sobre este encontro do Comitê Olímpico aqui em Copenhagen, mas já nem lembrava mais disso. Pois, pelo que me parece, o Presidente Lula virá para Copenhagen esta semana, assim como Obama. Ambos querem promover suas cidades. Dia 2 de Outubro será divulgado o resultado. Aguardo ansiosa... E quem sabe vou dar uma olhadinha pelas ruas, pois as autoridades participarão de um passeio ciclístico do centro de eventos Bella Center até a Praça da Prefeitura - as celebridades serão copenhaguenizadas... na cidade ciclística. Não tem como escapar!
Rio de Janeiro, cidade maravilhosa! Sua beleza inesgotável deslumbra e comove o mundo inteiro. Emoldurada entre o mar e as montanhas, numa combinação única de cores e cenários, forma um dos panoramas mais belos da terra. Aninha-se por entre ilhas, enseadas e baías de forma sinuosa, eternamente maliciosa. É impossível descrever sua formosura em toda a sua plenitude. Cidade simpática, delgada e sensual - uma garota de corpo curvado. O Rio é magnificência e miséria ao mesmo tempo, é o caos, propriamente dito. Um caos que enfeitiça e que é belo. Cidade cobiçada. Sonhada. Infelizmente, porém, o Rio é também o campeão mundial em homicídios onde, a cada hora, uma pessoa morre vítima de arma de fogo – uma selva de violência humana imponderável. No entanto, não há na face da terra cidade mais bonita. Tudo é graça o que dela se pode dizer.
Rio de Janeiro... Cidade da gente! Brasileira!
É setembro, quase outubro. Caminho pela alameda de castanheiras e ouço o farfalhar das folhas. Tento decifrar a magia dos fulgores e das sombras, dos ruídos e do sossego. Parece-me um concerto, a melodia do tempo que urge e se modifica. O dia adormece mais cedo. Lá fora a noite embala o mundo. É fria e merencória, mas afetuosa. Noite de outono, quase inverno.
Imagem, aqui!
… Três meses depois, nossa mudança estava a caminho de Copenhagen. Na verdade, não esperava deixar a Alemanha tão cedo, a não ser que fôssemos voltar a morar definitivamente em meu próprio país. No entanto, os rumos que tomamos eram opostos. Estávamos deixando para trás a pequena cidade de Trier que para mim, entrementes, havia se tornado uma espécie de home. Aprendera a gostar daquela região pela qual viajávamos sempre, conhecendo pequenas aldeias, onde os vinhedos silvestres cresciam nas paredes de construções quase milenares. Lembro-me das margens bonitas do Mosela, do Saar e do pequeno rio Sauer - quase um riacho -, que faz a divisa entre a Alemanha com o país de Luxemburgo. Chorei ao deixar minhas amigas que, ainda há pouco, eu acabara de conquistar. Levei na mala um álbum de fotografias, confeccionado por elas em segredo. Muitas tardes alegres de verão, assim como intermináveis dias frios de inverno, havíamos passado juntas. Inventamos a noite da mulher, quando nos reuníamos uma vez por semana, sempre na casa de uma, alternadamente, para saborear o prato predileto da anfitriã. Falávamos de moda, de viagens e de livros. Como eu era estrangeira e procedente de um país para elas exótico, enchiam-me de perguntas. Queriam saber sobre o Brasil, nossos usos e costumes. Falava-lhes, então, sobre minha vida latina, enquanto observava os olhares curiosos e surpresos dessas mulheres européias, que nunca haviam visto uma bananeira e muito menos uma laranjeira em flor. Sentia-me uma pessoa privilegiada por ter nascido num país tropical e por saber desde menina que um abacaxi não cresce em árvore. Despedi-me de Ruth, de Sabine, de Anna e de Brigitte. Fui embora, em busca do Norte Europeu.
De minha janela olho as outras casas. Vou para a rua. Caminho e percebo o mundo pequeno, como se fosse um ninho. Trilhas miudinhas, um jardim de malvas, quase selvagem Há música dentro delas, são eles que estão compondo... ainda! Encontro o menino, a moça, a vovó, que me faz um sorriso. Aqui uma bola, ali a bicicleta. Trezentas e noventa e três casas. Trezentos e noventa e três universos. Dezenas de castelos de sonhos. Penso em amores ali encontrados.
Fachadas uniformes, sem monotonia. Cada moradia leva um traço de sua personalidade que a distingue de todas as outras: a cerca, a gérbera, um banco, o guarda-sol, a cerejeira em flor, as lanternas, o carrinho de nenê, a casa de passarinho, a roseira. Janelas sem grades, poucas cortinas, somente vidraças. Quase todas com moldura branca, ou verdes, algumas azuis. Do lado de dentro há um parapeito rente à vidraça, onde há espaço para colocar um candelabro, uma planta, um porta retrato. Ou, quem sabe, um vaso? A escadaria é iluminada, sinto o cheiro da madeira. Muitas luzes. Design dinamarquês.
Um lugar... Komponistqvarteret. Nada pomposo. Sem contrastes. Apenas bonito.