Há uma ausência estranha neste abandono. É mais que abandono, é um grito de indiferença. Eles deixam lacunas. Em cada pseudo-compreensão procuro por respostas. O carinho esperado é utopia e ingenuidade. Primeiro acontece a procura e a conquista. Depois, sem aviso prévio, a apatia invade o mundo. Não sou pródiga, procurei ficar. Eu os perdi, mas guardo lembranças. A dedicação, no entanto, é um caminho de pedras e silêncio. Há uma muralha que impede o encontro. A espera se amplia num limite impreciso entre dias, semanas e meses. E então esta falta de prática para lidar com isto... E então esta imensa convulsão... E este tijolo no peito que não se desfaz. Eles se calaram, mas ainda posso ouvir o eco de suas vozes, lá longe. Este espaço nem sempre é uma dança. Muitas vezes, é apenas uma tela quadrada que faz do instante um ritmo silente. Mas há presenças e fidelidade. São esmeraldas e rubis que iluminam as bordas desse Ensaios. Regidos pelo carinho e pelo apreço, pousam nesta folha e pintam flores e alegrias. Dobro agora esta folha. Junto as pontas com precisão para formar um envelope perfeito. Guardo-o com cuidado, como quem guarda uma uma concha. Dentro da concha há uma pérola.
Imagem by ~Schnette