As janelas estão abertas, a porta escancarada. Um vento morno atravessa os pequenos aposentos da casa, deixando-a arejada e ainda mais confortável. Ela senta no primeiro degrau da escada que vai para o jardim. Segura nas mãos sua xícara preferida, aquela com florzinhas vermelhas. O café alimenta o corpo e a alma. Seu olhar está coberto de brilho: é felicidade. Ela olha suas plantas, elas concedem-lhe o encanto do nascer e do florir, um despertar silencioso. Ouve, no entanto, seus cochichos e o alvoroço de sua presença. Hoje ela está muito pensativa. Lembra de seus amigos verdadeiros... Todas as vezes em que regressa, encontra-os de braços abertos e então... é como se o tempo não houvesse passado – a candura e a autenticidade é a pele sem rugas que cobre o sentimento que os une. Há espaços entre ela e seus amigos, espaços configurados nas mais diversas formas. Mas nada, nada os fará mudar. A afeição singela é um quadro na parede que nunca desbota e jamais envelhece. E a beleza do reencontro se refaz com condimentos de um passado cheio de sonhos e de doidices. Ah, que bom que você continua a mesma!
Imagem: Ila
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