sábado, 30 de julho de 2011

Pássaro

Pelo carinho estou radiante. Perdoem a demora... Tenho-lhes o mesmo amor!


Estou fazendo as malas. Mais uma vez faço as malas. A viagem se aproxima. Já perdi a conta das vezes que fui e que voltei. Mas toda viagem é como se fosse a primeira vez. De certa forma já perdi a noção do perto e do longe – do distante ou do próximo. A proximidade pode ser mensurada pelo sentimento- então é muito perto, pois estou neste lugar para onde agora vou – mas ele fica longe, do outro lado do oceano. Lá é um espaço, um universo, um coração. Aqui é o cotidiano, a vida em seus cenários comuns. Os dias se fazem e se constroem em passos, sempre iguais. O pensamento muda – ele é como um varal: cada dia penduro outras roupas, outras peças. Algumas vezes coloridas, outras brancas – grandes e pequenas. Ah, o varal de roupas - os dias a flutuar ao vento. Mas usufruo da liberdade. Não é o exílio. Tenho asas. O longe e o perto, o que seria? Sei o que é o aqui e o lá. São dois extremos, duas partes. Não se confundem, não se assemelham. Mas existem em mim. São como dois livros: um de prosa, outro de poesia – mas cada volume tem algo em comum _ a palavra. A alegria de ir e de chegar. A ansiedade de voltar. Sou um pouco pássaro – ave migratória.


Texto escrito antes de viajar ao Brasil, há três semanas atrás.
Imagem: Ila