Estávamos na estação Leningrado - em Moscou - de onde partem os trens para a cidade russa São Petersburgo. Para mim não era uma estação qualquer, pois eu lembrava de Anna Karenina – a personagem principal do romance de Leo Tolstoi, que viveu um amor trágico, levando-a ao suicídio. Viajaríamos, pois, pelo mesmo trajeto a caminho de São Petersburgo, tal qual a bela e aristocrática Anna o fizera, a mulher adúltera que desafiou todas as convenções sociais para viver uma paixão avassaladora em pleno século 19. Imaginava-a caminhando de um lado para o outro, arrastando a cauda de um de seus adoráveis vestidos por sobre a plataforma da estação.
São Petersburgo estende-se magnífica por sobre 42 ilhas, traçando largas avenidas, frondosas praças, palácios e templos. Com certeza, é uma das cidades mais fascinantes do mundo. A sua história foi escrita por czares, por nobres e por intelectuais. No entanto, São Petersburgo é também a cidade dos artesãos, dos operários e de muitos estudantes.
Andei por estas ruas banhadas de águas e me encantei com a beleza lírica desta cidade... adormecida pelo frio do inverno. Vi as pessoas a caminho de uma nova história. Estavam em busca da democracia plena, protagonizando um conto vivo e real, numa cidade de vestígios deixados pela aristocracia dos czares e pelo desconsolo do regime socialista. Atravessei inúmeras pontes e o ar gelado de fevereiro petrificou meus pés, fazendo-me lembrar que eu estava a passear numa das cidades mais nórdicas do mundo.
São Petersburgo, matriosca princesa. Um lugar propício para sonhar e amar, em longas noites iluminadas, quando o sol nunca se põe - noites brancas. As pérolas arquitetônicas às margens do Rio Newa, brilham em lindas cores pastéis e as cúpulas das igrejas douram o céu dessa metrópole romântica, definitivamente bela.
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