quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Cidades

João Pessoa

Há cidades magníficas. Algumas simplesmente amamos. Elas nos impressionam tanto que nelas gostaríamos de viver. Suas ruas bonitas nos alegram e suas peculiaridades nos inspiram. Outras, porém, nos espantam. São enormes, metafísicas e, muitas vezes, tristes. Sua beleza é coberta por um ressaibo de perigo e já não podemos peregriná-las com tranqüilidade.

As megacidades, como São Paulo, Lagos, Shangai e Bombay, crescem de forma espantosa e já não dão conta de seus problemas sociais. São quase ingovernáveis. A cidade do México, além de ser monstruosa, é ainda a cidade mais poluída do mundo. São Paulo, a metrópole do imigrante, é uma cidade universal e global. Com suas infinitas ruas, forma um mosaico de paradoxos, onde o luxo e a miséria caminham lado a lado.

Há cidades que são "faceiras como uma menina e dignas como uma velha senhora" como, por exemplo, Lisboa - cidade feminina, namorada dos poetas. Outras, nasceram para ser nobres. Lembro-me, neste contexto, de Estocolmo –a Rainha das Águas – e da exuberante Viena. Pelo mundo afora, há centros urbanos que são orgulho para toda humanidade, pois são caracterizadas fortemente por sua história, tornando-se eternas, como Roma e Atenas.

Uma das cidades mais verdes do planeta – estou envaidecida! – é a nossa João Pessoa, cidade brasileira. Lembro-me de Paris, cidade luz e imagino New York de Woody Allen, aquela que nunca dorme. Traço Londres, uma lugar imperdível, e lembrei-me de São Petersburgo, a que foi construída por sobre ilhas. Uma de minhas preferidas é Berlin, o palco da cultura, cidade transformação. Tenho saudades de Milão, cidade da moda, e de Oslo, que se diz urbana e selvagem ao mesmo tempo. Vou descobrindo Praga, a cidade dourada, e perambulo pelas ruas de Munique. Naturalmente é preciso falar de Veneza, de Recife, de Hamburgo, de Copenhague e de Amsterdam, cidades românticas e lindas.

Eu não poderia esquecer de um lugar que sempre amei e que tem um rio, quase um lago... Falo de meu Portinho, orgulhosamente! Porto Alegre, é a cidade de Quintana. Imaginem só! É lá que existe "uma rua encantada... que nem em sonhos sonhei."

Rio de Janeiro, cidade maravilhosa! Sua beleza inesgotável deslumbra e comove o mundo inteiro. Emoldurada entre o mar e as montanhas, é formada por numa combinação única de cores e cenários. É impossível descrever sua formosura. Sabemos que há também um índice grande demais de criminalidade que caracteriza seu nome com uma marca escura e triste, infelizmente. No entanto, não há na face da terra cidade mais bonita. Tudo é graça o que dela se pode dizer.

Imagem aqui!

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Classe média


O jornal Suíço Neue Zürcher Zeitung, em edição de 14 de fevereiro, publicou uma reportagem sobre o forte e contínuo crescimento da classe média no Brasil, com o título: Die komsumfreudige Mittelschicht Brasiliens wächst. A reportagem noticia que o Brasil está se tornando - em passos largos - uma vigorosa potência econômica, e que cada vez mais brasileiros conseguem sair da pobreza, formando uma classe média de grande poder aquisitivo. O vertiginoso crescimento econômico gera uma nova sociedade. Nos anos 90, sete milhões de brasileiros empobreceram, em contrapartida, nos últimos seis anos, mais de 30 milhões deixaram de ser pobres e se estabeleceram na classe média. O Instituto de Fundação Getúlio Vargas estima para o ano de 2014 um total de 36 milhões de brasileiros que ascenderão a pirâmide social. Assim sendo, há uma demanda muito grande por novos produtos e serviços. O Brasil se tornou um dos mercados mais competitivos do mundo na indústria de bens de consumo. Companhias internacionais desenvolvem estratégias de investimentos para este antes “pobre país”.

Segundo a Neue Zürcher Zeitung, o Brasil está vivenciando pela primeira vez em sua história um forte crescimento interno, pois desde 2003 o PIB cresceu mais rápido que a população, o que significa, na verdade, uma nova qualidade de crescimento. Na média surgem 1,8 milhões de novos empregos por ano. E estes são empregos regulares. O desemprego caiu para sua histórica marca de 6%. A estabilidade e o aumento dos salários formam uma base sólida para os créditos de consumo. O setor privativo fortaleceu de forma impressionante. De cada 8 brasileiros, um é empresário.

O jornal aborda ainda, em longa página, detalhes e análises no setor de investimentos. O artigo cita firmas nacionais, como a Hering, Natura e Alpargatas, entre outras. A propósito, entrementes as havaianas se tornaram desejos de consumo no mundo inteiro. Como para mim e para nós todos é gratificante ouvir fatos positivos sobre o país em que nascemos, achei de fundamental importância compartilhar com vocês esta reportagem do renomado jornal Suíço.


Imagem by ~keff-28

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Encontro casual


Eu estava indo ao supermercado quando a encontrei. Muitas vezes a vira passeando no quarteirão, mas não sei onde mora. O frio da rua era cortante, mas o sol, embora ainda pálido, banhava os telhados de ardósia e as grandes árvores sem folhas. As madeixas brancas de seus cabelos revelaram-me sua idade. Ao chegar perto, olhou-me... e encontrei um rosto iluminado de alegria. Como se fôssemos velhas amigas, sorriu para mim. Disse-me com uma forte e viva voz: Hej! Fascinada, respondi ao cumprimento da mesma forma, como se fôssemos vizinhas e como se conversássemos todos os dias sobre as mais belas e banais coisas da vida. Segui os poucos passos até o supermercado, envolvida por raros fluidos de felicidade. É inegável que valorizo em demasia esses encontros casuais. Talvez por viver fora e por ser estrangeira, eles são tão importantes para mim. Não conversamos, mas tenho certeza que, se o fizéssemos, ficaria impressionada com minha história... e eu com a sua. Olhei para trás e a vi seguindo vagarosamente pelas ruazinhas ladrilhadas do quarteirão. Senti uma imensa ternura por esta senhora, muito embora não a conhecesse e, nem tampouco, soubesse o seu nome. A comunicação entre nós foi breve, mas perfeita. Bastou a linguagem do olhar... que é universal e é entendida em qualquer idioma.


Imagem: Ilaine

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Frio siberiano


Faz muito frio. Desta vez raro, nunca antes visto e sentido por mim. É uma frente fria da Rússia que invadiu toda a Europa. O céu está azul e os raios do sol colam nas janelas das casas vizinhas. Em minha cidade ainda não nevou. Quando a neve vier, haverá de clarear o mundo com a maciez de seu véu branco. Adorna as casas, as ruas, os galhos, a cerca. Então é como num conto de fadas, verdadeiramente. Sei que escrevo de forma boa da neve, mas eu não poderia adjetivá-la diferente. Com os anos aqui e na Alemanha, conheço-a muito bem. Ainda assim, embriago-me todas as vezes em que cai silente e linda... como se fosse algodão doce. Aqui, de onde lhe escrevo, está muito agradável e quentinho. O frio, com sua magnitude siberiana bate no vidro da janela, mas lá fica. Olha-me com seus grandes olhos glaciais. As vidraças, no entanto, são duplas e térmicas. A infraestrutura é perfeita. Em qualquer lugar onde poderei estar, há calefação. Também nos trens, nos ônibus e nos carros. Quando saio para a rua, uso minhas adequadas roupas quentes. Em alguns países do leste europeu, infelizmente muitas pessoas pobres e sem teto tiveram que deixar suas vidas. A partir de amanhã as temperaturas estarão um pouco mais amenas, mas o frio continuará polar e ditador. Eu agora - inquieta e feliz - farei um bolo de amêndoas e... depois um chá quentinho. Quer um pedaço?


Um beijo e muito carinho!
Imagem: Ilaine