terça-feira, 7 de maio de 2013

Emoldurado

A moldura do olhar. Lá embaixo, corre o rio, formando o desenho de uma ferradura. Enrosca- se com lentidão por entre as montanhas, como se fosse uma serpente viva. As montanhas moldam- se, feito gomos verdes, cobertas por árvores ancestrais. É a mata, o lugar de mistérios escondidos, onde habitam os personagens de minhas lendas, acode vidas. E lá adiante, mais no alto, os rochedos. Sedentários. Paredões milenares olham sempre para a mesma direção. São rostos cinzas, tocados pelo vento... e banhados por tempestades. Superfícies ásperas, como rugas sofridas, profundas. A moldura de minha interpretação. O vale, que recebe o rio, em entranhas curvas, é o leito das águas, o caminho por onde desliza o fio azul transparente. Azul líquido. O rio vai embora, segue seu curso, e encontra outros lugares. Planícies férteis. Águas mornas, pedras duras. A figura de minha emoção.


quinta-feira, 2 de maio de 2013

Interjeições

Lembrei-me de você... Pensei em contar sobre tantas coisas. E se eu contasse, irias dar risadas de minhas doidices. Dirias que continuo a mesma apesar dos anos... E sim! Falaria aos cotovelos e as palavras encheriam esta sala de fonemas e de significados – de risos e de interjeições. Enquanto te escreveo, a chuva cai. Daqui de onde te escrevo, posso ver as folhas empinadas dos coqueiros. Que dança verde que estão a dançar nessa chuva, chuva. Lembrei-me de você, e decidi contar-te sobre a leveza desse instante – esse momento eterno de nós.


Texto&Imagem: Ilaine