terça-feira, 12 de novembro de 2013

Cruzadas

Quero andar pelas ruas e ver as cores. 
Vou por um atalho e cruzo todos os caminhos possíveis. 
Sinto, desse modo, o ritmo das coisas e o pulsar da vida. 
Assim, meu trajeto estará cheinho de histórias que quero contar.


O que seria do amarelo

A casa amarela. Lembrou-me Van Gogh. 
Se a visse, Vincent certamente a pintaria. 
Sozinha, entre bétulas e carvalhos, 
cintila à luz do sol e enche a vida de quimeras. 
Ao observá-la, me senti como o pintor holandês – 
o momento inflamou em alegrias. 
Como a segredar, a pequenina casa passou-me sua energia. 
Uma casa amarela no meio do (meu) caminho verde. 
Intensa tonalidade. Singela.



Menina

Bailarina mulher
menina 
Dança na ponta dos pés. 
 Faz piruetas... é graciosa
dengosa,
leve, como uma borboleta. 
E olhe, como rodopia. 
Depois, levanta os braços... 
e espia! 


Home

Essa cidade... é como se fosse uma casa para mim. E, muitas vezes, ao passear no cais do velho porto, penso em H.C. Andersen. É como se estivesse a passear comigo pelos antigos quarteirões. Seguimos, pois, suas pegadas em ruas medievais, o contista e eu. Atravessamos a praça do rei e nos demoramos em conversas na beira do cais. Aqui o poeta gostava de ficar, pois amava-o fascinado. Tudo é história. Os velhos lampiões. Os barcos. As casas... o mar. Para mim é poesia.


Sucessivo

Depois da queda haverá o despertar... 
e a dor se transformará em felicidade. 
Depois da decepção, surgirá o deslumbramento. 
E sonhos renascerão... em suave esperança. 
Então existirá a procura... o doce encontro. 


Metamorfose

Porque saio para fotografar... já inquieta. Tomo a direção do Jardim Botânico. O caminho está ladrilhado de encontros. Neles procuro-me. Palavras rabiscam figuras em minha cabeça. Escolho algumas para falar daquilo que já não consigo guardar. A folha rodopia com o vento e me fez lembrar do poema que gostaria de ter escrito - mas que não sei decifrar. Então, o silêncio em mim é interrompido pelas vivas vozes das plantas do parque. As flores, os pinheiros, os carvalhos e as faias, arbustos e ervas... tudo está a me falar. Olho para trás e vejo uma flora inteira a me contar coisas. Fascinada, observo a variedade de suas formas essenciais. O canto é matizado. A lente procura o macro, explora, experimenta. E eu me encontro neste muro intransponível.. o da emoção. O parque... tão cheio de nós. Metamorfose e troca.