quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Casa verde

Celina tomou o cuidado para não escolher uma tonalidade muito forte para pintar as paredes de sua casa, preferiu uma matiz que deixasse transparecer um filete de azul em meio ao verde, quase como um verde-jade. Era uma gradação um pouco mais escura que a esmeralda e mais clara que o verde-broto. A nuança refletia vitalidade e harmonia.

A casa verde aninhava-se em meio à copiosa vegetação e dela quase não se destacava. Era como se tivesse brotado da terra, feito flores e arbustos. Parecia ter sido semeada ou plantada, para estar justo ali, naquele lugar e em nenhum outro. Por um instante, eu podia imaginar uma casa com raízes, fortemente presa ao solo. Poderia pensar num fundamento feito tronco; e aposentos, como se fossem ramos; um telhado, feito folhas. A casa verde era um sobrado com a cor da natureza, sereno e confortável. Contudo, Celina optou em manter a cor branca para as venezianas e para as portas. Elas receberam novas pinceladas de branco clean, com o intuito de disfarçar a desbotadura que foi adquirida durante os anos de existência da Casa Rosada – injúrias que o tempo elabora e marca. As venezianas, em sua alvura, lembravam sorrisos que iluminavam a pele verde do sobrado. Janelas convidativas, estavam sempre abertas. Ciprestes formavam uma cerca viva que separava a moradi da estrada. A casa verde não tinha portão nem grades. Era tão somente verde e livre. Sem fronteiras.


Um comentário:

chica disse...

Que maravilha essa casa, livre, leve, natureza!!Adorei! bjs, ótima semana,chica