quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

... ao adjetivar


A experiência de viver em outro país, mesmo que esse seja o de nossos antepassados - como a Alemanha, em meu caso - , assemelha-se a uma graduação. Quanto mais viajamos, quanto mais cidades e países conhecemos, tanto mais ampla é a capacidade de compreensão. Assim, as comparações que fazemos permanecem no nível da simples diferenciação que, de forma sensível, identificamos. Então contemplamos o que é belo. O preconceito é bem mais amplo e muitas vezes é o espelho de nossa incapacidade de viver e de conviver com o que não nos é familiar, levando-nos a acreditar que somos melhores por isto ou por aquilo. Caracterizar povos e culturas, atribuindo-lhes qualidades precisas e concretas, isto não me cabe. Ao adjetivar, corro o risco de estabelecer preconceitos e de generalizar. Penso que as impressões diferem de pessoa para pessoa e não há, neste sentido, verdades universais. Viver no estrangeiro requer muito desvelo. Sinto que há em mim uma vigilância positiva, sem medo, que me acompanha constantemente, visto que, estou sempre a me justapor, identificando usos e costumes num país onde não nasci. Viver num outro país é uma experiência muito inebriante, é verdade, mas requer também, muitas vezes, tolerância e ginga na adaptação. Neste contexto, porém, é importante dizer que gosto muito da cidade em que vivo. Caso contrário, seria muito infeliz.

9 comentários:

Unknown disse...

Por vezes não é fácil.

Abraço.

Sueli Maia (Mai) disse...

Ilaine,
ano passado, em um de teus posts, li que quando moravas na Alemanha fazias reuniões onde as mulheres trocavam experiências acerca de aspectos culturais dos seus Países.
E imagino que face à diversidade, a convivência talvez imponha exercícios de respeito e tolerância onde o melhor, de fato, seria suprimirmos as adjetivações.

Por outro lado penso que, aquilo que é bom, em cada lugar, seria importante ressaltar, difundir.

A 'ginga' brasileira talvez te ajude, mas o primordial é a sensatez, sensibilidade e delicadeza que sempre demonstras ter.
Ai então, não se trata de adjetivação, mas uma constatação que em nossas impressões digitais, tem sido evidente.

Abraços

Anice Bellini disse...

Sei bem do que vc fala. Morei em Portugal e por mais que a língua me aproximasse de um convívio harmonioso, há que se ter tato com pessoas de outras culturas, o que não os faz melhores ou piores que nós, apenas com uma visão de mundo diferente.

Abs... =)

Anice Bellini disse...

Sei bem do que vc fala. Morei em Portugal e por mais que a língua me aproximasse de um convívio harmonioso, há que se ter tato com pessoas de outras culturas, o que não os faz melhores ou piores que nós, apenas com uma visão de mundo diferente.

Abs... =)

eder ribeiro disse...

Ilaine, honestamente eu não conseguiria, só eu sei o qto sofri ao sair do nordeste para viver no sudeste. Não precisava pedir desculpas por ter acentuado o meu nome. Bjos.

Dauri Batisti disse...

Cada vez mais os tempos vão nos conduzindo para a compreensão de que os países são meras delimitações anacrônicas. Haveremos de perceber cada vez mais a insignificância de nossas divisões. O planeta Terra é o único país. Vc já faz parte da nova geração.

Beijo

Elcio Tuiribepi disse...

Oi Ilaine...excelente a forma como encara essas adversidades relativas a diversidade que existe de uma cultura para a outra.
Essas diferenças todas acabam sem querer nos fazendo de alguma forma julgar atitudes e costumes, nos fazem entender melhor a diferença tão tênue entre a ética e a moral e ainda nos fazem refletir sobre o certo e o errado, sobre o feio e o bonito aos olhos de cada um...
Não sei se me fiz entender...na dúvida endosso o que a Mai escreveu...acho que ela soube explicar o seu texto
Um abraço na alma e continue assim...você está certa...
Bjo

lula eurico disse...

Eis que aprendi o quanto a "ginga brasileira" pode ser sinônimo de elegância no trato. Gingando não se "bate de frente", e isso faz parte do amor ao outro, que creio deva ser lei universal.

Vá gingando com elegância, que vc é exemplar nessa atitude. E, creia, essa abertura para o outro tem um quê de brasileira.

Abraço fra/terno.

Paula Barros disse...

Nem que eu diga que imagino, ou que já tenha lido sobre o preconceito, os problemas de adaptação, nem de perto terei noção do que você cita.

Fico aqui tentando imaginar.

beijo