sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Para Anne

"Já sabes há muito que o meu maior desejo é vir a ser jornalista e, mais tarde, uma escritora famosa. Hei de publicar um livro depois da guerra: O anexo." Anne Frank

Hoje conheci o esconderijo, na Prinsengracht. Encontrei tudo assim como descreves em teu diário. No armazém de teu pai ainda estão guardados alguns sacos de especiarias. Fiquei impressionada ao ver a estante giratória, de onde alcancei o anexo. Subi as escadas íngremes e cheguei em teu quarto que dividias com o senhor Pfeffer, o Dussel. Imaginei a tua cama, a secretária e a luminária. Todos os móveis da casa foram tirados pelos nazistas depois da denúncia. E teu pai – muito tempo depois - quis que os aposentos ficassem vazios, para sempre. Mas as fotografias das estrelas de cinema que colaste nas paredes, ainda estão ali. Emocionei-me ao vê-las. Sonhavas com tantas coisas... Ao entrar no pequenino quarto de Peter, lembrei-me de tuas longas conversas com o menino. E lá no sótão, onde estavam guardados os mantimentos, tu e Peter olhavam as estrelas. E então vi teu diário, o primeiro, aquele axadrezado, que recebeste ao completar treze anos. Pude ver tua letra, tuas palavras e e tuas colagens. Nestas folhas estão registradas teus sentimentos e as vivências durante o isolamento. Teu medo, Anne, tua dor e tua angústia. É comovente. É triste demais.

Imagem by Soulful-Tears

20 comentários:

Josselene Marques disse...

Ilaine;

Que lindo, minha amiga! Que privilégio!
Emocionei-me ao ler o seu texto. Quanta sensibilidade!

Obrigada por nos brindar com tão belo presente.
Que Deus lhe proteja!
Ótimo final de semana.

Um abraço bem brasileiro.

Unknown disse...

Excelente texto.


"O melhor de tudo é o que penso e sinto, pelo menos posso escrever; senão, me asfixiaria completamente."

Anne Frank

Abraço.

lula eurico disse...

E que essa história nunca mais se repita. Que as pessoas possam ser livres e plurais, que a liberdade seja o bem maior!

Abraço cordial.

eder ribeiro disse...

O maior mal que um ser humano pode fazer é quando faz mal ao outro, pois de alguma forma, também, estará fazendo mal a si. Bjos.

Óleo disse...

Ao tiramos o encanto de uma criança, estamos matando o humano. Carinhosamente Óleo.

Francisco Sobreira disse...

Que bonito, Ilaine, o seu texto. A vida e a história de Anne Frank é algo que nos comove. Vi o filme sobre ela quando foi lançado, eu era um adolescente (que saudade). Na época gostei. Um beijo e uma excelente semana.

vieira calado disse...

Passei para inteirar-me das novidades.

Desejo-lhe bom fim de semana,

Bjs

Canto da Boca disse...

E pensar que ainda podemos ser vítimas da intolerância, de imposições culturais...

Um beijinho, Ila e ótimo domingo para ti e toda a família!

;)

Luis Eustáquio Soares disse...

querida ilaine, esse seu lado de brasis voos, são asas aladas de afetos nos fetos que nos afetam, de modo que, adejando aqui, somos os mundos desejando-nos, e assim invertemos a gramática e o predicado vira o sujeito amoroso de uns mundos que nos amam, em vc.
beijos
saudades iguais
de la mancha

♪ Sil disse...

Ilaine querida, bom dia!!

Que seja realmente, uma história jamais repetida.
É triste, triste demais!!!

Um grande abraço!
Vim agradecer seu carinho no meu blog, e já me encanto aqui.
Você escreve lindamente!!!

Te sigo!

Carla disse...

Um texto tão leve sobre um assunto tão pesado: o holocausto!
Muito bom lembrar de Anne Frank, um exemplo de ser humano.


Bjos

Paula Barros disse...

Ilaine, é belo esse seu jeito de escrever. Daqui a uns dias sou capaz de pensar que estive lá, que vi a parede com as imagens coladas, que peguei e li o diário...porque você consegue trazer de forma visível, palpável, o que descreve.

E junta ao descrito a sua emoção, o seu sentimento, tornando muito viva as sensações.

Adorei, mais uma vez, adorei!

Anônimo disse...

Sempre lindo minha amiga!
Bjs.

Daniel Hiver disse...

Que bom que voltastes a cena. Já andava com saudades também. E até meio preocupado. Imaginava se estavas de férias ou se tinha acontecido algo que levou ao enfastio temporário. rsrsr

Voltar aqui é sempre muito bom, ler ou relembrar coisas como"... fotografias de estrelas de cinema coladas nas paredes". Gostei de ler essas instrospecções.

Sairam de uma mente sensível num tempo de crueldade humana. Ou desumana?

Dauri Batisti disse...

Por entre as saudades você vai de longe, em muito bom português, nos dando noticias dos seus passos. Imagino a emoção de visitar o tal esconderijo. Da emoção surge este relato denso. A tristeza destila-se de cadda palavra. Parabéns.

Um beijo.

Luis Eustáquio Soares disse...

olá, ilaine, que o nazismo é um aqui e um agora, acumulado de fascismos trans-históricos, de uma infeliz história de despojos, sem povo.
belo texto...
saudações,
de la mancha

vieira calado disse...

Mas...

de todas as maneiras,

são especiarias!

Beijocas

Canto da Boca disse...

Ila, recebo informçao de texto novo, no entanto, chego cá e não tenho acesso ao novo texto....

Beijos!

Sueli Maia (Mai) disse...

Eu brinquei muitas vezes me imaginando estar com ela e despistando os inimigos.

Deve ter sido uma experiência nostáligica e mágica ao mesmo tempo.

Teu texto está digno da Anne. Bela homenagem, belo teu sentir.


beijos, querida.

Sonia H. disse...

Ai, Ilaine,
Senti um aperto no coração - por Anne e por ter sentido tudo outra vez, ao ler o teu comovente texto.
Para os leitores do diário, visitar aquele prédio na Prinsengracht nos causa um impacto muito grande...
Semana passada assisti a um documentario que também me comoveu muito - é sobre a história de uma outra menina, Hana.
Se tiver oportunidade veja. Fiquei pensando.... quantas milhares de Annes, Hanas e meninos com histórias únicas, meu Deus que se foram daquele jeito.
Muito triste. Saí do cinema arrasada.
Veja esse link: http://www.hanassuitcase.ca/
Você ficará conhecendo um pouco sobre a história de Hana. É baseado no livro do mesmo nome, eu acho.
Um beijo,