sábado, 12 de março de 2011

Invento realidades

Invento realidades, estou a moldar um espaço para nós. Essa, é amarela, além de verde e azul – quase tropical. Construir realidades é como compor pequenos poemas, - tal qual haicais- desenhados em papel de seda. Você deve me achar louca, mas quando se trata de sonhos e de realidades... perco-me em adoráveis criancices. É como subir numa roda gigante e admirar o mundo lá de cima. Sei que não quer ouvir minhas conversas, pois seus olhos navegam inquietos na partitura que acabou de tirar da gaveta. Nesta folha está o seu mundo, em forma de clave de sol, de breves e semibreves e todos estes símbolos, dos quais pouco entendo. Este é o mundo interlúdio que povoas - você e este piano escuro. Suas mãos tocam as teclas e a música suave chega em ondas para mim. Adoro-a, mas não a executo. Somos tão diferentes, não é? Você, com dedos compridos, desliza a vida em notas musicais. Quanto a mim, eu passarinho. Meu cenário é aberto, preciso ver o céu e o mar para produzir. Pouso em flores, toco o vento... somente assim posso inventar minhas realidades. Ou seriam apenas sonhos em papel dobradura? Talvez em papel de arroz...


Imagem by: Soundslikerain

16 comentários:

Paulo Francisco disse...

Lindo este texto. Leio e logo me vem uma frase: Entre dois amores.
Um beijo.

Paula Barros disse...

É tão lindo construir realidades, principalmente assim feito você faz, com cores, imagens, sons, palavras...

As diferenças individuais, cada um num mundo próprio, fazendo a vida deslizar em notas musicais, ou em textos musicais...criando mundos, que toca quem ler, e que imagina mundos.

Cada dia fico mais encantada com seus textos.

beijo

Samaryna disse...

Ilaine, ao terminar de ler seu texto deu uma vontade de comer este papel de arroz para poder levar para minha alma esta poética crônica. Aproveito para lhe convidar a dar uma passada no Gotas do Eder para ler um texto meu, pois eu estou substituindo-o. Deixo o meu afeto.

Dauri Batisti disse...

Arranjo japonês de flores, é o que vejo lendo teu texto, vejo um leve e belo arranjo de flores, as palavras colocadas, sem mais nem menos, cada uma em seu lugar. Lindo

Diários do Papai disse...

Como podem caber Quintana, Leminski, estações e a magia infantil num só texto tão pequeno? Criatividade e talento: encheste de cores e de poesia o diálogo com alguém escondido por trás da cauda de um escuro piano! Belíssimo, parabéns! E eu, cercado com a criança mais linda desse mundo (queria que visses para me dar razão! Rs), vejo que estás mais que certa quanto às cores necessárias ao viver... Abração e apareça!

guru martins disse...

...ou
papel vegetal...

bj

ítalo puccini disse...

todos inventamos alguma realidade vezemquando, não?

gostei muito do teu escrito.

beijos!

lula eurico disse...

E cá estou, amiga, a deleitar-me com essa preciosidade!
Lindo o que escreves...


E te deixo um afetuoso abraço.

Elcio Tuiribepi disse...

Oi Ilaine...te lendo pude constatar então que deves numa próxima vez interagir com esse piano falante, deixar que ele te fale a alma
Fecha os olhos ao som do piano,toque o vento, as flores, o mar...quem sabe assim concretize sua imaginação...sei lá...acho que pode ser assim
Um abraço na alma
beijo

Madalena Barranco disse...

Ilaine, querida, amo margaridinhas amarelas!! Elas se deixam tocar pelo vento que você consegue segurar nas mãos!! Ou melhor dizendo, você o coloca para circular feliz em suas palavras de encanto.

Muito obrigada pela visita e incentivo. Eu ainda estou na correria - heheh - mas por uma ótima causa.

Beijos, com carinho
Madá
P.S.: é sempre bom vir à sua casa, e saudar as flores que nos oferece.

Rafael Castellar das Neves disse...

... mas sempre sonhos... a serem vividos, Ilane!!

Aproveito para lhe convidar a participar do sorteio que estou fazendo em meu blog Desce Mais Uma!.

[]s

Sonia H. disse...

Ilaine querida,

Saudades também de passar por aqui.

É sempre tão gostoso vir te visitar - sempre encontro o teu lindo texto dançando delicadamente numa caixinha de música... Poético, suave, já falei uma vez, como uma música bem gostosa de ouvir. D-e-l-i-c-a-d-a.
E sabe o que me pareceu? Um recorte de um capítulo de um belo livro que você anda a escrever.
Um beijo grande.

Sandra Gonçalves disse...

nas diferenças se compõe tambem uma bela canção...É possivel ter harmonia...
Beijos achocolatados

Loba disse...

Querida, seu texto é de uma leveza tão grande que me faz pensar em nanquim no papel de arroz. por outro lado, esta necessidade de sonhar é uma realidade concreta, tal qual a paz representada pelos pássaros de origame.
putz, viajei legal! rs... culpa da poesia que escorre da sua prosa!
beijo, moça

Josselene Marques disse...

Ilaine,

Sempre que passo por aqui, flutuo em tuas palavras tão magistralmente arranjadas tal qual uma partitura.
Tenha um excelente final de semana.
Abração.

jeito simples disse...

Ila, sou como vc então. Preciso ver tbm o céu e o mar..sentir que tenho espaço pra voar.