Preciso sair, o universo me espera. Visto o casaco e as botas quentinhas. A rua estreita e silenciosa é o berço perfeito para aninhar meus pensamentos. Ali cabem todos, os grandes e os pequenos. As casas abraçadas atraem meu olhar. Não posso deixar de admirar as janelas. Em uma delas vejo castiçais prateados, na outra, um vaso com tulipas... ou uma pequena figura de bailarina, ou então ainda, um porta-retrato, e tantas coisas bonitas. Ouço os jardins, há algo de estranho nestas plantas sem folhas. Elas ciciam. O céu nublado dessa manhã de março não me incomoda. Sei que o sol virá em outras horas. É preciso esperar. Engraçado! Falar em sol/lugar... isto me lembra Veríssimo e de Um lugar ao sol. Hoje sou como Vasco por estes Caminhos Cruzados. A trilha segue e abre vias mais largas. E agora, Clarissa! Ah... Sua adolescência acendia minha alma de quimeras e eu me ria quando a protagonista passou a usar sapatos de salto alto... Neste emaranhado de ideias eu não posso deixar de ouvir uma Música ao longe. Nossa, isto parece perseguição. Assim como Clarissa, muitas vezes penso se os sentimentos são realmente verdadeiros. E para terminar esta crônica estranha, falta dizer que, quando o Tempo e o Vento vier e passar - estarei em casa novamente: aí, de onde você me lê. Então tomarei tempo para reler Olhai os lírios do campo - a história de Eugênio e Olívia. O resto é silêncio.
A rua estreita é o berço apropriado para aninhar meus pensamentos. Abro a porta de minha casa, tiro as botas e faço um chá quente. Vou escrever para você. Obrigada, Érico.
13 comentários:
Ilaine, sua crônica me leva por ruas, por pensamentos, por sentimentos, por lembranças, conduz tão bem, que me torno protagonista da sua crônica.
1 - Ontem ia postar uma foto que era de uma rua estreita em Évora, com janelas e portas, então me vi a passear nesta rua, observando portas e janela. Com os meus pensamentos.
2- Você fala de reler Olhaí os lírios do campo, e fala com Érico. Ultimamente senti necessidade de reler Menino de Engenho, e converso com José Lins do Rego, e volto aos meus 11, 12 anos.
3 - E conversando com ele, José Lins, fico pensando porque não posso conversar com um de vocês do blog que escrevem tão bem, e porque ainda estranham. E uma noite desta sorri, quando percebi que na mesa de cabeceira estava o livro de José, conversando com os escritos de um blogueiro.
4 - "Preciso sair, o universo me espera." Achei fantástico, só esta frase já valeria a poética toda do texto. E já tinha percebido que você muitas vezes começa os textos com uma frases pequenas, fortes, significativas, bonitas....
Ah, hoje passaria o dia aqui. rsrs
beijão.
Enquanto fechava li esta frase e voltei: "muitas vezes penso se os sentimentos são realmente verdadeiros"
Também penso. Se a gente sente é verdadeiro, não é? Mesmo que seja fantasia, ilusão, invenção, criatividade. Eu acho que é.
Te abraço com texto e tudo, um abraço bem amassadinho. rsrs
Hoje aqui tá tão estranho, tá frio, e olha que o verão tem sido os dos mais quentes. Só faltou um chocolate quente para ter sido tomado lendo essa sua crônica maravilhosa. Quase choro qdo vc citou "O menino de engenho", foi o primeiro livro que ganhei da minha mãe... Vou parar as lágrimas estão vindo. Um beijo enorme e um agradecimento por aflorar tantos sentimentos em mim.
Bela homenagem ao Veríssimo!!!!!
Um beijo.
Todos nós somos um mistério para os outros... E para nós mesmos.
Érico Verissímo
Bjs.
Coisa linda...Uma pintura amiga, uma tela.Sabe que te li e pude imaginar cada cena.
Lindo de viver.
Bjos achocolatados
(Não me viste seguindo-te do outro lado da rua, Ila? Acenei para ti com um riso franco e um lírio nas mãos... Mas olha que beleza, ele veio parar aqui na tua crônica de aquecer corações.... Beijos!!)
P.S.
O Erico deve estar a encantar-se...
Eu também, quando ando pelo mundo venho com os livros na cabeça. Um universo nos espera lá fora, um universo nos espera cá dentro.
Beijo
Venho simplesmente desejar-lhe
um bom Carnaval!
Feliz semana querida.
Bjos achocolatados
Obrigada por escrever para nós. É puro deleite visitar este espaço.
Abraço enorme neste último dia de Carnaval.
A manhã de quarta-feira de cinzas aqui em Vitória-ES traça-se com um tom de prata no céu, umas nuvens filtram o sol e deixam o dia claro e suave. O carnaval foi com chuva, nem muita, nem pouca, na medida que todos esperávamos, já íamos cansados de tanto sol, tanta luz, tanto azul e tanto calor, e esta manhã se suaviza ainda mais com a leitura desta tua crônica. Lembrar de Veríssimo é lembrar de um tempo, e daqueles tempos da adolescência me ficam O RESTO É SILÊNCIO E ANA TERRA. Obrigado.
Beijo.
Olá Ilaine!
Quantos detalhes lindos neste teu escrito.
Admirar as janelas em um dia de céu nublado. *______* como não apaixonar-se? palavras inspiradoras são sempre bem vindas para pensarmos sobre o modo como conduzimos os nossos dias.
Ah, e este título "Um lugar ao Sol" também me lembrou um filme, belíssimo por sinal, de 1951, com o Montgomery Clift. :)
Beijos
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