segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Aldeia

Verde-floresta é a cor das montanhas. Dourado-escuro é o solo, onde germina o milho, os pastos e os legumes. As roças são híbridas e de vários tamanhos, de muitas cores. A terra cultivada é como uma colcha de retalhos, estendida por sobre o relevo acidentado dos minifúndios. Tardes preguiçosas, quentes e úmidas se arrastam feito tartarugas pelas lavouras, por meu corpo, pela aldeia. A poeira da estrada se espalha no ar, ilustrando-o com partículas sólidas, como se fosse papel de parede; marrons petit poás. O canto das cigarras, em ricos decibéis, ecoa pelo espaço avolumado de sol. Então, é como se o calor soasse, como se aumentasse mais um pouco, como se entrasse pelos ouvidos, como se rastejasse pelo assoalho. Poderosas nuvens, quase dramáticas, borram de branco o azul do céu. De menina, naquele tempo, eu adivinhava as formas das nuvens, adaptava-as à minha imaginação. Eram elefantes que eu enxergava lá em cima, corações, ovelhas, um rosto. Via muitas feições nas nuvens, algumas verdadeiras, outras surreais.


Nenhum comentário: