domingo, 3 de outubro de 2010

Meu voto

Embaixada do Brasil em Copenhague

Hoje, cedinho, subi em minha bicicleta e fui até à Embaixada do Brasil e, como todo brasileiro, deixei meu voto na urna, garantindo o meu dever com a Pátria. Como boa democrata que sou, fiz questão de ir antes de tomar o café da manhã. A maioria dos dinamarqueses ainda dormiam e os brasileiros, àquela hora, também. Mesmo que eu soubesse que no Japão e na Austrália muitos conterrâneos expatriados já tivessem votado antes de mim, ainda assim me senti feliz, um tanto fiel, em iniciar meu civismo cinco horas antes das zonas eleitorais estarem abertas no Brasil.

Escolher um presidente, através de um voto direto é, sem dúvida, um privilégio de poucos. Há quinze anos vivo fora do Brasil. Naturalmente, o espaço temporário que me distancia de meu país não é motivo para me tornar indiferente em relação a nossos problemas sociais que, aliás, ainda bem conheço. Com o passar dos anos, porém, criei uma nova forma de coordenar os dois mundos que fazem parte de minha vida e, pelo que me parece, fui embalando e ninando minhas preocupações com a pátria amada a ponto de adormecê-las. Acompanho com uma devida distância o andamento político e econômico do Brasil. Hoje, ao passar por largas ciclovias a caminho da embaixada, confesso, me senti um tanto mais dinamarquesa do que brasileira. Percebi que ando fora de forma em termos de conjuntura nacional, e eu me sinto irresponsável com meu voto secreto.Ao voltar da Embaixada, ainda emocionada com meu dever civil, cheguei à conclusão de que o melhor candidato somos nós brasileiros – os cidadãos comuns – os que sentem na pele e na alma este artefato de dificuldades sociais e, não por último, a desonestidade de alguns políticos. E eu aqui, nestas lonjuras, vou contornando e construindo a pátria do meu jeito: um lugar luminoso e afável – a terra de meus sonhos. Meu discernimento talvez seja irreal e ingênuo. Mas este é o meu voto. E o meu direito.

12 comentários:

Josselene Marques disse...

Ilaine:
Você consegue me emocionar. Chorei quando li o seu texto. Eu me imaginei longe do país que amo tanto, apesar das dificuldades, em sua maioria, consequência da corrupção e do descompromisso de alguns. Todavia,ainda, há muitas pessoas comprometidas e honestas que lutam pelo bem comum e isso nos renova a esperança.
Obrigada e parabéns pelo seu talento com as palavras, por ser essa alma tão bonita que se deixa revelar através de seus escritos.

Estou me preparando para exercer este meu direito de cidadã e, certamente, seu texto me fez ver quão grande é importância desse dever cívico. Votarei com consciência e responsabilidade. Eu prometo!

Abraço enorme.
Josselene

eder ribeiro disse...

Parabéns Ilaine, mesmo distante, vc atua e este voto, não importa para quem é, é muito importante por saber que é um voto consciente. O que me frustra é que muitos votam sem essa consciência. Bjos.

lula eurico disse...

Ila, querida,
veja só que voto dado com sensibilidade, acho até que o sentimento antecede a consciência.
Quem é insensível não alcança o outro.
Vc, irmãzinha, é toda coração.
E sei que votou bem.
Aliás, se vc quer saber a verdade. O Brasil está muito bem de candidatos. Todos progressistas. A nossa ala direita se encolheu.
Só precisam pensar o Brasil planetariamente. Não dá pra esquecer da visão ecológica do progresso.
Mas, creio que cumpriremmos os tratados de Copenhague e Kyoto, pelo menos. qualquer que seja o resultado das urnas.


Abraço fra/terno.

Jacinta Dantas disse...

Ainda não votei. Gosto de votar pela hora do almoço - tem menos tumulto -
Desta vez cumprirei meu dever e direito de cidadã, mas com menos entusiasmo de outros tempos. De toda forma, estou torcendo para que o resultado seja para o bem de todos os brasileiros que precisam e merecem viver com dignidade.
Um abraço irmã de pátria

Madalena Barranco disse...

Ilaine, querida, que alegria saber de seus pensamentos, com a força de um coração como o seu, que pulsa pelo bem maior.

Daqui a pouco irei votar, pois, por aqui em Sampa anuncia-se chuva forte para a tarde... Talvez aconteça a água para lavar de uma vez essas energias dissonantes que atualmente ocupam o governo, e que não condizem mais com a Era da Luz. Votarei no melhor ou "no menos pior", porque assim como você, querida Ilaine, eu acredito no poder de criar uma nova realidade. Sonhar é real.

Beijos, com carinho
Madalena
P.S.: eu me encantei com a ideia de fazer o trajeto sobre uma bicicleta! Já, eu não poderia fazê-lo porque meu bairro é praticamente uma montanha.

Dilberto L. Rosa disse...

Bonito e patriótico, no melhor sentido da palavra, este seu gesto cívico e este seu ótimo 'post', minha cara: sem dúvida, todos devemos ter nosso cuidado com nosso chão, não importa mesmo quão longe estejamos da Política ou de nossa terra... Um forte abraço: de alguma forma, você está mais perto de nós, brasileiros, hoje, não é mesmo?

Claudia Liechavicius disse...

Ilaine!
Tão longe e tão perto...
A distância física não corta os laços. Bem pelo contrário. Fortalece ainda mais.
Bj
Claudia

Elcio Tuiribepi disse...

Oi Ilaineeeeee..quanto tempo..rs
Então...nós somos o voto mais real...ingenuo sim, inocente...aquele qu quer acreditar quando tudo te mostra o contrário...é o voto verde...cheio de esperança...rsrs
Um abraço na alma amiga
beijo

Francisco Sobreira disse...

Bom, Ilaine, que você, há tanto tempo fora do Brasil, continue ligada aos problemas que aqui existem (e são tantos) e mantenha por ele o seu amor. Um beijo.

Graça Lacerda disse...

Ilaine!

Que belo exemplo de civilidade vc nos passou e mostrou com essa sua atitude, amiga!!
Parabéns! E como já disseram, nossa irmãzinha de Pátria, nós amamos vc, que nos proporciona a alegria de compartilhar CONOSCO tão nobre gesto CÍVICO...

BEIJOS,AMADA!!

Canto da Boca disse...

Sabemos da importância desse ato, né Ila? E cada um/a de nós sabemos o Brasil que queremos para todos, qual programa de governo mais se aproxima do nosso ideal de sociedade e justiça!

Um beijãozão!

Sonia H. disse...

Ilaine,
Poesia ou prosa, você sempre me emociona com os textos, menina.
Com certeza este é um direito do qual ainda hoje vejo gente por aqui reclamar...
Uma pena. Depois escolhem mal nossos representantes.
Não venho mais aqui com a frequência que gostaria por causa da carga de trabalho.
Mas é sempre bom vir aqui.
Beijos,