sábado, 16 de outubro de 2010

Outono


Passeio pelo parque. O vento sopra... folhas caem. O outono traz em seu fascínio um rastro de tristeza. É uma tristeza aquietada sem dor, uma sensibilidade evidente. São vestígios de melancolia que inspiram e que envolvem. De forma lenta e harmoniosa, a natureza cobre o mundo com as cores da estação fria que... já não tarda. As tardes estão silentes, levíssimas. O mundo parece um milagre matizado. As árvores, antes verdes, agora estão pintadas, todas elas. Há um mesclado de cores, tonalidades de vermelho e amarelo. As maçãs caem no chão e as pessoas colhem cogumelos silvestres. Pequenos arbustos se retorcem irrequietos com o vento. Sinto uma aragem de nostalgia, quase repousante. Tomo o caminho de minha casa, encontro-a cheirosa. Seu aconchego me afaga. Ligo um abajur. É hora de ler bons livros, convidar os amigos e conversar longamente. Há por aqui um tanger de tranqüilidade, um excesso de quimeras. A luz do sol já foi embora, esmoreceu atrás da colina. Anoitece quase vertiginosamente, e eu escrevo. A linha do meu pensamento é como um fio aveludado e macio que, aos pouquinhos, vai-se desenrolando do novelo, formando uma rede. Em cada palavra que escrevo, vai um laço de sentimento que é levado para longe.

20 comentários:

Sueli Maia (Mai) disse...

"...o mundo parece um milagre matizado..." Esta é a tua poesia, o teu olhar sobre as cores, que por milagre, ainda vemos e delas fazemos poema. Mas sabe, Ilaine, os extremos de frio e calor que experimentamos, fez com que eu -quando o outono chegou por aqui - lembrasse de que ai, onde estás, pessoas precisavam da trégua da primavera.

Talvez isto me tenha chegado como alento, o fato é que passou rápido e eu passei a ver no amarelo e vermelho das folhagens do outono, uma dádiva da natureza.

Sim, o outono nos leva a hibernar, nos prepara para o inverno, para saiamos renovados na estação seguinte, nos ciclos perenes de renovação.

beijos, querida.

obrigada, sempre, por suas leituras.

Tati Nanda disse...

lindo lindo lindo!!!
bem sublime...
parabéns..
bjins


http://zonzobulando.blogspot.com/

lula eurico disse...

Que tua sensibilidade se renove, em novas folhas verdinhas e em novas flores...


abç fra/terno

Madalena Barranco disse...

Ah, Ilaine, o espírito do outono beijou-lhe as mãos com suas folhas douradas enquanto você escrevia essa belíssima prosa poética.
Beijos

Canto da Boca disse...

Esses fios aveludados que bordam sonhos, penduram e perduram paisagens, chegam sempre em mim, com pontos, laços e laçadas em novas tapeçarias.

Beijo, Ila, texto lindo!

Unknown disse...

Sei sempre como voltar ao seu espaço.
As cores do seu Outono
desenham caminhos.Que saudades dos seus escritos.

Beijo.

Claudia Liechavicius disse...

Ilaine.

Você me sensibiliza com tamanha delicadeza.

Ontem almocei com uma amiga que acabou de voltar da Dinamarca e lembrei de você. Ela adorou sua cidade adotiva!
Espero poder voltar em breve à copenhague e conhecer você pessoalmente.

Bj
Claudia

Anônimo disse...

parece um filme seu texto!
bjs amiga.

Paulo Francisco disse...

Texto muito bom. gostoso de ser lido. Parabéns!!!!

Carla disse...

"As maçãs caem no chão"... ah, como eu queria conhecer "pessoalmente" (rsrs) uma macieira! Pena que elas não gostam das terras tropicais!

Ilaine, quando te leio tenho a sensação de estar lendo Clarice... e isso é envolvente.


Bjos

BLOGZOOM disse...

Ilaine.... como o Outono é charmoso, inspirador... envolvente. As cores realmente são magnificas, esta foto é explendorosa. E o que descreveu me deu vontade de estar andando naquele caminho mostrado na foto.

Bjs

Osvaldo disse...

Ilaine, querida amiga;

Adoro o Outono e suas cores.
Adoro também esta aregem de frescura que se mistura e nos faz enalar todos os seus perfumes.
Adoro também essas folhas mortas, porque sei que são elas que vão regenerar a vida.
E adoro essa maravilhosa foto.
bjs, Ilaine.
Osvaldo

guru martins disse...

..."a trama
do seu afeto
brocado e ponto cruz...

querida
tenho andado meio distante
mas não afastado
a primeira e maior
amante da minha vida
(a música)tem me exigido
muito e na fase de nova produção dou tudo pra ela
mas não deixo de te ler
é um alento, mesmo não
deixando comentários
continuo cativo e impressionado
pelas tuas impressões...

me queira bem

Sandra Gonçalves disse...

escreves como uma folha levada pelo vento.
Bjos achocolatados

ítalo puccini disse...

e esse laço de sentimento chega aqui. porque a escrita e a leitura nos permitem isto. este aproximar-se a distância.

tem música lá no um-sentir :)

abraços.

Francisco Sobreira disse...

Cara Ilaine,
Mais um texto em que aflora (sem trocadilho) a sua aguda sensibilidade. E obrigado por mais uma visita ao meu finado blogue e ao comentário carinhoso. Uma excelente semana. Beijo.

Eliana f.v. - Li Andorinha - disse...

Ola Ilaine
vim agradecer por tuas palavras ao poema que fiz para nossa querida amiga Madalena.
Teu espaço é lindo e cheio de harmonia!

Com teu texto "Outono" Canta o charme colorido dessa estação com uma suavidade poética deliciosa!
E que imagem!
Belíssima postagem...Parabéns!
Grata!

beijos da Eliana

Daniel Hiver disse...

Oi Ilaine...
Estava aqui mergulhado em teu texto. Pensando no outono, minha estação favorita. Quando disse mergulhado, é verdade. Teus textos andam de mãos dadas com a poesia. Uns mais que outros. Mas sempre lindos textos, em que eu sinto sua sensibilidade e aproximação com as palavras.
Olha isso!
"A luz do sol já foi embora, - esmoreceu atrás da colina."
Que jeito bonito de se referir a um final de tarde...
E posso te dizer que os pensamentos que tive ao ler esse texto, já sairam de seus novelos e teceram um lindo cachecol para você ter mais um para usar no próximo inverno.

vieira calado disse...

É bem bonito o Outono,

como o seu texto!

Bjs

A.S. disse...

Ainda há mãos que vestem a noite de verão... mas já há pegadas de Outono sobre as águas!

Beijo
AL