terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Por gostar de ler



Mamãe orgulhosa falando...
E havia aquele livro... Meu pai guardava-o na cômoda de seu quarto, lá onde ninguém podia vê-lo. Lembro-me que, quando menina, de vez em quando eu o procurava. Às escondidas, segurava o volume em minhas mãos e folhava suas finíssimas páginas. Era um livro sobre medicina e saúde. Parecia ser muito importante. Na verdade, era o único livro que possuíamos... Mas valia por muitos.
Matheus, meu filho, ainda era bebê quando manuseou seu primeiro livro. Tinha folhas duras e grossas, com belíssimas ilustrações de instrumentos musicais. Sempre quando viajávamos ao Brasil, recebíamos presentes em forma de livros da família e de nossos amigos. Em pouco tempo formamos na nossa casa em Copenhague uma pequena biblioteca de escritores brasileiros. Era preciso que os meninos sonhassem e se deliciassem com as histórias de nossos autores. Queria que se identificassem com os personagens desses livros preciosos, relacionando fatos e vivências do Brasil. Era a melhor forma de conhecer a cultura de meu país. Trazíamos na mala obras de Ana Maria Machado, Ruth Rocha, Dilan Camargo, Gustavo Finkler, Zambelli Carlos Brandão, Lígia Bojunga Nunes, Ziraldo e outros. Naturalmente também descobriram a magia de Mário Quintana, de Vinícius e de Monteiro Lobato. Matheus e Christian eram também “maluquinhos” e viajavam pelos livros que trazíamos, matando assim, as saudades que sentiam da pátria distante. São leitores apaixonados desde muito pequenos. Eu ficava impressionada com a “leitura“ que realizavam: com o dedinho me mostravam as ilustrações e minúsculos detalhes do livro que ora estávamos a ler. Livros eram como uma barra de chocolate, ricamente embrulhados... Era necessário abri-los e, de passo em passo, descobrir seus segredos deliciosos. Mais tarde, eles se impressionaram, por exemplo, com o desenho da primeira letra de cada capítulo de História sem Fim. Tiveram a oportunidade de ler Hans Christian Andersen no original, assim como Michael Ende, J. K. Rowling, Philip Pullman, Christopher Paolini e outros.
Durante as festas natalinas estivemos por três semanas no Brasil. Neste período, Matheus, com 17 anos, leu quatro livros. E, entre eles, para o meu orgulho - Ensaio sobre a Cegueira, de Saramago - na versão em inglês: Blindness.

Imagem: Ila

28 comentários:

Anônimo disse...

o prazer e a alegria de ler...que post maravilhoso, Ilaine. e eu, que vivo repleto de livos por todos os lados, esboço um sorriso feliz. o incentivo à leitura é sem dúvida um ato de humanidade. parabéns. um gramde abraço e felicidades.

Dilberto L. Rosa disse...

Caminho mais do que certo e integrador, em todos os sentidos, minha cara: leitura em família! Belíssimos exemplos dados e, pelo visto, bem solidificados no crescer de seus filhos... Abração!

Anônimo disse...

Oh sodade do cê!!!
Aqui em casa tb leitura é hereditario.
Bjs.

lula eurico disse...

Que saudade!
Lindos momentos com os teus "pequeninos".
Também fui assim, em criança. Graças ao Lobato li as traduções dos clássicos infantis.

Abç fra/terno em todos os teus.

eder ribeiro disse...

Ilaine eu fui apresentado ao mundo das letras pela minha mãe, pois de vez em quando eu a acompanhava nas suas aulas de latim e francês. Orgulho muito do meu pai, pois ele soube usar suas mãos, a direita deu o alimento para o corpo, a esquerda o alimento para a alma, os livros. Graça a Deus minha filha, 9 anos, habituou a ler, o pequeno Matheus está sendo alfabetizado agora. Acho ensaio sobre a cegueira o melhor livro da língua portuguesa. Bjos

Jacinta Dantas disse...

Lendo-te, com a suavidade e elegância que fazem a sua marca, além da constatação sobre a importância da leitura, você deixa o leitor seduzido pela vontade de ler e ler, e ler mais, sempre mais.

Ah, menina!
como é bom vir aqui.
Abração.

Unknown disse...

A leitura engrandece a alma .

Beijo.

Claudia Liechavicius disse...

Nossa! Que bela paixão. Também adoro livros. Eles são meus grandes companheiros. Quem tem livros como amigos não conhece a solidão.
Beijos
Claudia

Paulo Francisco disse...

Belo texto! Bela paixão!
Um beijo.

Passageira disse...

Ilaine, querida!
Primeiro, que grande prazer estarmos novamente em contato! Vc é muito querida, sabe disso né?
Olha, voltar aqui e ser recebida com este texto me faz ainda mais feliz. É tão agradável o tema e a forma como vc o desenvolveu que mai parece uma conversa na cozinha, falando de livros e filhos. Bom demais!!!
Um grande beijo!

Madalena Barranco disse...

Oh, Ilaine, vir aqui, é como desembrulhar um livro feito de chocolate, escrito com sabores marcantes, contudo, suaves... Que linda a história de amor com os livros pelos seus filhos!! Parabéns.

Beijos, carinho

Daniel Hiver disse...

Ilaine:
Tu me fizestes lembrar da "História sem fim" que li no fim da minha adolescência. Me fizestes lembrar do meu pai que nunca vi folheando um livro sequer.
Mas achei espetacular a imagem dos livros ricamente embrulhados em embalagens como as de chocolate.
Puxei aqui pela memória e me distraí uns minutos tentando lembrar. Mas a estranha conclusão a que cheguei é que nunca ganhei um livro de presente. Deve ser bom receber um e abrir para descobrir segredos deliciosos, como os quadradinhos de chocolate.
Todo gosto que tenho pela leitura britou dentro de mim mesmo. Em algum momento. Por alguma razão. E sou sempre eu que vou na loja e compro um, ou todo ano na feira do livro na praça da alfândega.
Que estranho Ilaine!
Eu nunca ganhei um livro de presente.

Daniel Hiver disse...

Todo gosto que tenho pela leitura "britou"? rsrsrsr
A palavra certa é "brotou". E eu continuo o mesmo de sempre. Com uma tendência séria para o perfeccionismo. Então voltei aqui só por que não estava certo aquilo terrível e estranho "britou". rsrsr

Daniel Hiver disse...

"aquele terrível e estranho.... A Q U E L E." rsrsrs

Canto da Boca disse...

É mesmo um lindo texto, e me levou à minha infância, não tínhamos muitos livros, mas o sobre medicina natural, parecia ser um elo nesse Brasil de Norte a Sul...

E naturalmente o percurso dos meninos muito se deu por causa da mãe deles também, sábia cultivadora de valores.

Beijo, Ila!

Dauri Batisti disse...

Aqui a luz do verão invade nesta manhã todos os cantos e recantos, Vitória-Es está tomada pelo azul extravagante desta terra Brasil, e é no banho desta manhã que vou lendo seu post. Vejo os cidadãos do mundo que cada vez mais vão surgindo, pessoas atravessadas pelas várias culturas, tradições, uns pelas contingências da história de vida, seus filhos por exemplo, filhos de uma brasileira e morando na Europa, outros como nós, por scolha, pelo amor aos livros indo e vindo por estradas longas, ampliando os horizontes da nossa percepção, habitando vários mundos.

Deixo um abraço e parabéns pelos filhos.

Beijo

Dauri Batisti disse...

Por falar em Saramago ( nunca fui capaz de gostar muito de Saramago) estou lendo Antonio Lobo Antunes e estou encantado, apaixonado. Há um tempo venho com a intenção de ler o Antunes, mas só agora o fiz, comecei a ler com a exortação de uma amiga portuguesa: "cansei nas primeiras páginas", mas quando comecei não consegui largar.... afinal, ao cabo de uma semana já terminei dois livros dele e já procuro o terceiro. Lí Explicação dos pássaros e Memória de elefante. Bem... depois falo mais,
beijo.

BLOGZOOM disse...

Ilaine, num daqueles videos mostra uma moça sendo como "afogada" por tanto oleo. É assim que os animais tão indefesos ficam. Sem respirar, com queimaduras, agonizando até a morte.

beijos

Sandra Gonçalves disse...

Eu sempre incentivei meus filhos a ler e hoje graças a Deus eles amam a leitura.
É uma maneira de viajar sem sair do lugar neh?
Alem do enriquecimento no vocabulario e muito mais...
Bjos achocolatados

ítalo puccini disse...

que lindo relato este, ilaine!

a leitura como algo que se alcança através do sentir.

beijos!

Sândrio cândido. disse...

belo.

Graça Lacerda disse...

Obrigada, querida, por vir!

Que belo relato, Ila. Comovente!
Parabéns a essa linda família de LEITORES...

Beijos,
Com saudade também!

Elcio Tuiribepi disse...

Oi amiga...eu gostaria de ter mais tempo para ler...a vida tá corrida...sempre me presenteio com livros e ganho muitos dos amigos, pois já sabem que gsoto, assim como CDs ou DVDs...
Mas Ilaine...bom mesmo é ver nossos filhos lendo né...issso também me deixa feliz...rs
Um abraço na alma...bom fim de semana
Beijo

Soninha disse...

Olá, Ilaine, querida amiga!
Há quanto tempo!
Realmente,os livros são os mais importantes tesouros da humanidade. O melhores companheiros,os melhores mestres, os melhores amigos...Também são a melhor herança,com certeza.
Sou-lhe grata pelas visitas carinhosas ao Roda de Prosa.
Tive alguns problemas de saúde...cirurgia da tireóide por conta de um câncer, foi um deles. Mas, já está resolvido e estou cuidando do resto.é mesmo?!
Obrigada, Ilaine.
Fique bem!
Muita paz! Beijossssssss
Fico feliz por você ter vndo ao Brasil novamente. Quem sabe, um dia, nestas suas vindas ao Brasil, possamos marcar de nos ver, não

Júlia R. disse...

Cada vez que lemos imergimos em um mundo novo... vivendo novas emoções a cada página.

Quando eu era criança adorava ler gibis (confesso que ainda me interesso bastante pelo mundo dos quadrinhos, hehe)... fui me interessar por literatura quando eu tinha uns 11... 12 anos de idade, e comecei por Edgar Allan Poe. haha Desde aquela época nunca mais parei de ler.

E agora... cás estou, no mundo das letras. =B
Beijos Ilaine, tude de bom pra vc e tua família.

guru martins disse...

...o filme
(dir. de fernando meireles)
fez jus ao livro
vale a pena assitir...

bj

Paula Barros disse...

Ilaine, a comparação dos livros com o chocolate, ficou muito gostosa, a despertar sabores, além dos sonhos.

Minha filha não é de ler,mesmo que eu goste de ler, mesmo que tenha lido bastante para ela. Ela lia os infantis, mesmo com a avó escritora, e com uma mini biblioteca em casa, nunca se interessou.

Deve ser gostoso ver os filhos lendo assim. E o parabéns vai para você, também.

beijo

Mauro Alberto Schwalm disse...

Só hoje vi teu cometário... Meu blog está "parado"... Da mesma forma desejo para ti e tua família tempos de alegria, paz e realizacao.