sábado, 30 de julho de 2011

Pássaro

Pelo carinho estou radiante. Perdoem a demora... Tenho-lhes o mesmo amor!


Estou fazendo as malas. Mais uma vez faço as malas. A viagem se aproxima. Já perdi a conta das vezes que fui e que voltei. Mas toda viagem é como se fosse a primeira vez. De certa forma já perdi a noção do perto e do longe – do distante ou do próximo. A proximidade pode ser mensurada pelo sentimento- então é muito perto, pois estou neste lugar para onde agora vou – mas ele fica longe, do outro lado do oceano. Lá é um espaço, um universo, um coração. Aqui é o cotidiano, a vida em seus cenários comuns. Os dias se fazem e se constroem em passos, sempre iguais. O pensamento muda – ele é como um varal: cada dia penduro outras roupas, outras peças. Algumas vezes coloridas, outras brancas – grandes e pequenas. Ah, o varal de roupas - os dias a flutuar ao vento. Mas usufruo da liberdade. Não é o exílio. Tenho asas. O longe e o perto, o que seria? Sei o que é o aqui e o lá. São dois extremos, duas partes. Não se confundem, não se assemelham. Mas existem em mim. São como dois livros: um de prosa, outro de poesia – mas cada volume tem algo em comum _ a palavra. A alegria de ir e de chegar. A ansiedade de voltar. Sou um pouco pássaro – ave migratória.


Texto escrito antes de viajar ao Brasil, há três semanas atrás.
Imagem: Ila

14 comentários:

lula eurico disse...

Amiga, Ilaine,

que bom ter a tua prosa suave como roupas que flutuam ao vento, num varal.
Tua palavra é serena e isso nos faz muito bem.

Vim te deixar um abraço fra/terno e afetuoso.

jeito simples disse...

Lindo texto. Obrigada.

Claudia Liechavicius disse...

Oi Ilaine querida!

Faz tempo que não venho te visitar. Pensei hoje em seus versos e passei por aqui.

Que bom pegar você pensando em arrumar as malas. Imagino que nessa época do ano, férias na Europa, esteja pensando em aproveitar suas raízes.

Divirta-se com os preparativos.

Um beijo

Claudia

eder ribeiro disse...

Querida Ilaine, estava com muita saudades de seus textos e de vc, qta alegria ver que o pássaro levantou voo e está de volta ao ninho. bjos de felicidade.

Bel Alves disse...

Que lindo texto..
Paz e bem

Graça Lacerda disse...

Então, o aparente sumiço eram os preparativos...para o Brasil...
que bom sabê-la bem e feliz, Ila! A viagem foi boa?

O longe e o perto, minha querida, são duas avenidas paralelas, que não se bifurcam, mas possuem algo muito lindo em comum: as flores que se esparramam no caminho!!

Beijo, amiga!
Deus a abençoe muito!!

Paula Barros disse...

Me chamou a atenção o nome de quem fez a imagem, depois de ler o texto - Ila - I(r)-la.

Perfeito, Ilaine, achei seu texto maravilhoso nesta análise do perto e longe, dos muitos sentimentos que é este estar e ser - seja perto, seja longe, mas com o pensamento, com as emoções.

E esta frase me chamou mais atenção, adorei: O pensamento muda – ele é como um varal: cada dia penduro outras roupas, outras peças.

beijo

Anônimo disse...

Que sua viagem seja só alegria!
Bjs.

Paulo disse...

Parece-me que estarás mais perto. Que bom...

Abraço

guru martins disse...

...em movimento
pendular...

bem vinda!

BLOGZOOM disse...

Viajar é assim mesmo. Ainda mais quando temos familias lá e cá. E ainda podemos comparar a vida em cada lugar, umas mais simples, calmas, outras mais agitadas, urbanas demais.

Gsotei de sua comparação, pq eu tambem sou como passaro, não gosto de ficar muito tempo no mesmo lugar.

Beijos

Benno disse...

passei uns dias no rio grande do sul, peguei um friozinho por lá como há muito eu não pegava... fui a passeio por gramado, canela, nova petrópols e bento gonçalves. viajar é bom, areja a cabeça e nos renova. beijos

Daniel Hiver disse...

Numa ponta da viagem ficam nossas rotinas... Na outra o que nem sempre temos por perto...
Mas como seria a vida se as pontas se encontrassem? Seria certo afirmar que a vida ficaria um "rolo"? Será que andaríamos em círculos?
No próprio cantinho nos sentimos acalentados e seguros... Mas lá do outro lado há um fascinante jeito de sorrir que nos recarrega.
O bom é que quando cansamos podemos voltar para casa.. e é lá onde tem a nossa cama, o nosso travesseiro... Não podemos viver sem a nossa caneca favorita... Sem o cheiro das ruas do lugar onde moramos... O mercadinho da esquina. Tudo tem sinais de vida espalhados... E agora precisamos mostrar para os amigos as fotos das coisas incríveis que aconteceram durante a viagem...
É sempre assim...
Viajamos. Mas voltamos.
E a vida, assim, se renova... Podemos ir tranquilamente mais um ano, dois, três... Ou até onde der!

mollymell disse...

Como me identifico com essa prosa...