segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Contextos

Dá-me o direito de dizer coisas sem sentido
de não ter que ser perfeito
pretérito, sujeito, artigo definido
de me apaixonar todo dia
Vander Lee

Meu dias tem sido muito cheios de coisas que penso e que sinto. Queria ter escrito, mas fico com tudo neste depósito que sou. Os mundos que tenho me fazem quase duas. Mas não é fingimento, é a realidade feito pedra e água. Não tenho tido pressa em expor, tenho tido tempo para absorver e analisar. O presente e o futuro se diluem em um só - em sonhos que estou arquitetando. A escrita e a realidade se confundem em cada texto num lirismos dos loucos, como diz Bandeira. Não sei escrever ficção. Simplesmente não sei. Por isto chego a endeusar os romancistas. Suas obras podem ser autobiográficos em uma de suas metades, mas ainda assim são impressionantes. E olhe, não sou narcisista, ao contrário, exijo muito de mim e nunca estou certa sobre quem sou e me procuro constantemente. Tudo bem, esta conversa já se ouviu em outros textos meus. A repetição, no entanto, é a forma de seguir e uma incansável busca por algo novo. É uma transcendência em minha vida. Decidi não cobrar cada palavra. Optei por grafar o que este momento de mim emana... ainda que minha história possa parecer um vocabulário longo e envelhecido. Mas para mim nada é efêmero, tudo volta e se aninha em algum espaço de meu tempo. E se renova em outros prismas. Nascem outros textos... em contextos sempre iguais.

Imagem: Ilaine

5 comentários:

eder ribeiro disse...

Ila, interessante saber que vc endeusa os romancistas, pois eu já endeuso os crônistas, e vc minha querida amiga, por mais que o assunto seja repetido a releitura que vc faz do mesmo é tão poético que lhe dá uma roupa nova. Bjos.

Margarida disse...

Adoro a forma como escreves! Tão sensível, tão autêntica, tão tu que, ainda que nas entrelinhas, dá para entender o que não fica escrito. Lindo!

Eu disse...

Ilaine... como eu entendo cada palavra escrita por você!
Consegui me enxergar nas linhas e entrelinhas...
Bateu uma forte uma emoção muito forte!
Um abraço carinhoso

Sandra Gonçalves disse...

belas palavras...ler você é como colher conhecimento em uma arvore, cheia de frutos. Bjos achocolatados

Canto da Boca disse...

"Tenho apenas duas mãos e todo o sentimento do mundo", Drummond me acompanhava aqui na leitura do seu texto, Ila, e fiquei imaginando as ondas transbordantes de sentimentos dentro de ti, como se o espaço em que se processam, necessitassem de uma amplidão desconhecida.
Só fiquei pensando sobre essa sua fala: "Nascem outros textos... em contextos sempre iguais", será? Eu desconfio que nenhum contexto é igual ao outro, há subjetividades e objetividades em constantes movimentos, o que provoca uma eterna reconfiguração deles mesmos...

Um beijo, Ila!