segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Árvores

Ao redor de tudo – sempre perto – estão os campos verdes. É lá onde os quero-queros fazem seus ninhos, onde árvores centenárias continuam a fazer sombra, onde galhos enrugados e cheios de musgos sustentam a arquitetura do joão-de-barro. Dignas, como velhas senhoras, as árvores não se deixam abater pela crueza dos anos, nem pela força do clima. Enraizadas no solo-mãe, suportam invernos ventosos e se renovam com o vigor das primaveras. Troncos ásperos expõem seus ramos, feito braços esticados, feito braços sempre abertos, onde a seiva corre em veios, onde há vida. Reencontro minhas árvores e a parte de mim que nelas ficou. Descubro que a saudade, adormecida-acordada é maior do que eu calculava, bem maior do que eu supunha. Então (eu poderia jurar!) é como se elas por mim tivessem esperado, como se soubessem de minhas demoras; como se tivessem percebido minha ausência. Talvez, por que nossa fidelidade sempre fora perene. Figueiras-da-pedra, açoita-cavalos, pinheiros, eucaliptos, coqueiros, umbus, paineiras, e patas-de-vaca. Seres sedentários e mudos. Ouvintes e receptivos, meus amigos. É como se ouvisse em sussurro: saudades-adormecidas-acordadas.



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