segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Niemeyer


Museu de arte contemporânea - Niterói

Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país. No curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar...
Oscar Niemeyer
Gente querida, meus amigos!

Olhe, eu confesso... Não conheço pessoalmente este museu. Mas, como gosto muito da frase de Niemeyer e de sua arquitetura em geral, resolvi postar mesmo assim. Faço questão, também, de postar coisas belas de nosso país, para evidenciar que valorizo nossa cultura, mesmo vivendo fora. Comecei a gostar de Niemeyer principalmente depois de ver uma exposição sobre ele aqui em Copenhague no museu Arken. Uma linda exposição- fiquei super orgulhosa!

Beijo para todos!



Fonte da imagem

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Muralhas


A tarde se desfazia com lentidão. Bolhas transparentes de água salgada roçavam a areia da praia. Minha alma azulejava com o céu. Pequenas nuvens enfeitavam o firmamento já quase dourado, pareciam gaivotas. Senti um cheiro de milho cozido, de abacaxi maduro, de cocadas. Sabores de férias, no Brasil.

Uma doce voz entrecortou o momento:

Tiaaa! A senhora tem um pedaço de pão para dar?

Olhei para a rua e vi um menino. Era pequeno ainda, roupas esfarrapadas, pés descalços, rosto sujo. Tinha em torno de sete anos, uma criança de mãos calejadas, castigadas. Seus olhos eram negros e belos, mas assustados. Olhou-me com carinho, enquanto pedia esmola. Senti um nó na garganta. Uma grade de ferro nos separava, do lado de fora estava ele, do lado de dentro, eu. Aprisionada.

Pobre menino. Parecia um passarinho que havia caído de seu ninho, mas que ainda não sabia voar. Perdeu-se de seu bando, pensei. Grudou seu corpo miúdo na grade, como se quisesse passar por entre as vigas de ferro. Queria descobrir mais detalhes do mundo que não lhe pertencia, impenetrável, frondoso. Olhou com curiosidade. Ele e eu. O menino passarinho, eu na gaiola. Privilegiada. Éramos diferentes, somos desiguais. Contudo, tínhamos algo em comum: o país em que nascemos.

A sólida muralha nos isolava, um paredão entre seres humanos. Do lado de dentro estava eu, veraneando numa casa alugada à beira do mar. No jardim havia redes estendidas, jovens e crianças comiam picolé. A cozinha estava recheada de vinhos, sucos, café, chocolates... Na varanda, estofados confortáveis enfeitavam o ambiente. E, ali na calçada, um menino apertava as bochechas pálidas na cerca, e me olhava. Estava com fome.

A tarde se desfez, tristemente. Arrumei minhas coisas e fui embora. A grade de ferro ficou distante, separando destinos, vidas. Portões continuam protegendo lindas casas. Demarcações altas e largas - fortificações. E, do lado de fora, o menino de olho bonito está aprendendo a voar - a seu modo. Sobrevoará muralhas.

Texto já publicado no baú.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Desembrulhar segredos

Tenho escrito histórias para crianças e arrisquei fazer poesia - os poetas de verdade, ah! - que me perdoem. Vou postar aqui... para brincar. É bom ser criança outra vez!

A fada LuzRainha
é sabida e admirável.

Em seu baú de coisinhas
ela guarda... Adivinha!

Um segredo enviolável.

Com fios entrelaçados
amarra o cabelo cacheado.

Com um piscar de olhos,
abre o bauzinho lacrado.


Chi! Que baú sarrabulhado!
Uau! Que caixa bagunçada!

E agora, céus? Como vou achar
meu segredo embrulhado?


Imagem daqui!


domingo, 18 de outubro de 2009

Sobre viagens

Viajar é viver!
Hans Christian Andersen

Na quarta- feira fomos para a Alemanha, a terra de meu marido e a de meus filhos. E ... um pouco minha também. Tantas vezes já fizemos este trajeto, todas as vezes, porém, tem esse sabor especial. Se vamos de carro, é preciso atravessar o Mar Báltico que estabelece as fronteiras entre a Alemanha e a Dinamarca nos arquipélagos (a parte continental é ligada por pontes). Há a ferryboat, algo normalíssimo por estas bandas, e com ela atravessamos as águas. Para mim, sempre impressionante. Se vejo a quantidade de carros e caminhões que entram no corpo do navio, fico emudecida. E ele vai aguentar todo este peso? Vai! Além de tantas carros, naturalmente ainda tem os passageiros. A ferry tem também lojas, restaurante, lancheria e uma infinidade de outras coisas. Tudo cabe, tudo comporta.

Visitamos o estado de Mecklenburg - Vorpommern, ao norte da Alemanha. A capital desse estado é uma pequena cidade rodeada por lagos. Schwerin é uma cidade antiga, com quase 850 anos. Sua principal atração é o castelo, onde até 1910 residia o Gran-Duque de Mecklenburg. Nos dias de hoje é sediado ali o parlamento estadual.

O castelo é uma construção majestosa e linda. Situa-se em cima de uma pequena ilha. Veja!


Imagem, aqui!
Percorremos a região, cujas alamedas são belíssimas. O sol do outono e o colorido das árvores forma um quadro muito especial. Ein goldener Oktober- um outubro dourado, dizem os alemães. Tivemos dias assim: as múltiplas cores do outono brilhavam ao sol. E eu viajando... Ah, como gosto! O coração vai batendo mais forte e eu descubro a beleza de outros lugares.



Outro dia escrevi isto: Viajar é um encontro, uma experiência e uma aprendizagem. Imaginar como é linda uma cidade, já é algo inebriante. O mundo é tão vasto e há uma diversidade muito grande de culturas para conhecer. Ao voltar de nossas odisséias, já não seremos a mesma pessoa, pois novas imagens passarão a povoar nossas vidas, enriquecendo-a. Então contaremos coisas, como se tivéssemos acabado de ler um romance.

Portanto, hoje já não sou a mesma... Tenho algo para contar!Beijo!

domingo, 4 de outubro de 2009

Blogosfera




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Ensaios são tentativas e exercícios. Ensaio é também um gênero literário, um texto quase sempre breve, situado entre o poético e o didático, que expõe idéias e reflexões a respeito de um certo tema. A dupla definição da palavra torna-a mais rica, mais cheia e abundante, muito embora seja tão pequena. Por achá-la bonita assim, escolhi-a para denominar esse espaço.
Ensaios é o meu blog, pois. Os textos que aqui escrevo são experimentos. Com eles, na medida do possível, procuro cativar amigos e leitores. Ensaios são também treinamentos. Treino a minha escrita, tento melhorá-la, enquanto vou lapidando e esculpindo. Todavia, nem todo texto publicado tem valor literário. E creiam, esta não é minha intenção. Meu propósito é compilar idéias e sentimentos e, com eles, externizo um pouco do que sou. Escrevo por que acredito na bondade do ser humano, em sua beleza infinita e em seu entusiasmo pela vida. Escrevo, principalmente, por que me apaixono por pessoas e porque com elas quero compartilhar. Então já não estou sozinha, terei criado laços e terei cativado amigos. Ao escrever, traço imagens, crio a presença e devasso solidões.
Todo blog é valioso. Toda espaço que visitamos, muitas vezes também em silêncio, tem algo que nos prende ou nos fascina. Tenho feito isto tantas vezes... Tenho navegado nesta imensidão infinita que a internet possibilita e nas areias brancas de minha tela encontrei conchas lindíssimas, pedras multiformes e até mesmo estrelas do mar. Então nasce um sorriso. Olho para o espaço que me rodeia e o amigo virtual me fala... é a sua voz que escuto. Assim, tenho vontade de lhe dizer algo, deixar-lhe um carinho e manifestar minha admiração. O mar de blogs é imenso e através dele alcanço enseadas, baías, costas, fiordes e arquipélagos. As águas que o compõem acariciam e tocam. São as palavras... e a poesia que nelas encontro.
Flores para você... Para todos os meus amigos!