domingo, 30 de maio de 2010

A falta que me faz...

Há uma ausência estranha neste abandono. É mais que abandono, é um grito de indiferença. Eles deixam lacunas. Em cada pseudo-compreensão procuro por respostas. O carinho esperado é utopia e ingenuidade. Primeiro acontece a procura e a conquista. Depois, sem aviso prévio, a apatia invade o mundo. Não sou pródiga, procurei ficar. Eu os perdi, mas guardo lembranças. A dedicação, no entanto, é um caminho de pedras e silêncio. Há uma muralha que impede o encontro. A espera se amplia num limite impreciso entre dias, semanas e meses. E então esta falta de prática para lidar com isto... E então esta imensa convulsão... E este tijolo no peito que não se desfaz. Eles se calaram, mas ainda posso ouvir o eco de suas vozes, lá longe. Este espaço nem sempre é uma dança. Muitas vezes, é apenas uma tela quadrada que faz do instante um ritmo silente. Mas há presenças e fidelidade. São esmeraldas e rubis que iluminam as bordas desse Ensaios. Regidos pelo carinho e pelo apreço, pousam nesta folha e pintam flores e alegrias. Dobro agora esta folha. Junto as pontas com precisão para formar um envelope perfeito. Guardo-o com cuidado, como quem guarda uma uma concha. Dentro da concha há uma pérola.


Imagem by ~Schnette

19 comentários:

Elcio Tuiribepi disse...

Oi Ilaine...já sendo tendo o prazer de ler suas palavras..um tanto melancólicas e nostálgicas, mas de uma sensibilidade muito bonita...doce e suave...
Tens martelo aí? Tem? Então quebre este tijolo ou então o aqueça dentro do peito ate ele se desmanchar...rs
Deixa eu ir...pousei na folha, pintei algumas petalas, hora de ir...
Vou...mas te deixo um pouco do meu sorriso valente...
Faz o seguinte, espalhaa o pólem dele por ai...
Breve seu jardim vai estar lotado de sorrisos, ai é só colher...rs
Um abraço na alma..bjo

Dauri Batisti disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Dauri Batisti disse...

... falta de prática. As práticas, as experiências nem sempre se traduzem em habilidades com os sufocos, os tiojolos no peito. Mas como o texto diz, dentro da concha há uma pérola.A falta é uma pérola, é um transbordamento de possibilidades. De todo modo, apesar do texto parecer ser só um fragmento de algo maior que não está aqui, é lindo.

Um beijo

Francisco Sobreira disse...

Ilaine,
Como sempre, um texto bem escrito, com aquele estilo composto de palavras simples, com a ajuda do coloquial. Agora, não me envergonho de confessar que não entendi essa falta de que você se queixa. Estarei emburrecendo (risos)? Um abraço e uma excelente semana.

P.S. - Sobre o seu comentário lá no Luzes, devo dizer que, ao contrário do que você pensou, e, talvez, outros visitantes, o conto "Uma Música para Dois" é inteiramente fictício. De real, lá, só existe o restaurante e o cinema mencionado, o Rex, que faz parte das minhas lembranças de adolescente em Fortaleza.

Jacinta Dantas disse...

Ah Ilaine, penso que entendo essa falta, talvez a falta do olhar, do toque, do comprometimento com outro e do cheiro. Ah o cheiro! Aqui, nesse espaço, somos e nos fazemos amigos "desapegados" - mas amigos - de um jeito diferente.

Beijo

eder ribeiro disse...

O que eu admiro nos teus contos é a tua capacidade de em poucas linhas transmitir tantos sentimentos. Admiro-te. Bjos.

Unknown disse...

será a ausência o remédio do amor ...

Beijo.

Anônimo disse...

Seus textos são sempre tão bonitos minha amiga e este me falou direto ao coração.
Bjs.

Sueli Maia (Mai) disse...

Sempre esbarraremos em faltas, assim como tijolos que embarreiram e angustiam. Texto dorido, porém belo, como tu.

Grande abraço e boa semana, Ilaine

Carla disse...

Pérola - e das mais valiosas - é este texto enfeitado de poesia.

Também sinto por ausências tão presentes! Assim é a vida, composta por momentos e movimentos.


Bjos

guru martins disse...

...dedicação
é um caminho de pedras perdas e pedidos...
dentro da concha que rola e rala
há uma pérola que nasceu de uma pedra...

bj

Paula Barros disse...

Ilaine, li ontem o seu texto e não comentei. Pensei nas faltas.

Hoje lendo me transportou para o mundo dos blogs, das pessoas que visitamso, conquistamos e depois se vão, a falta que fazem. Hoje foi esse o meu sentimento.

Mas nesse texto podemos ter várias interpretações.

beijo

Josselene Marques disse...

Ilaine:

Lindo e nostálgico texto. Amei!!!
Você é a personificação da sensibilidade. Parabéns.
Abençoada semana para você e os seus entes queridos.

Abração.

Canto da Boca disse...

"Dentro de cada concha há uma pérola".
E cada uma sempre e cada vez mais rara, ao mesmo tempo que é possível perceber uma espécie de desabafo, parece-me a mim, que é mais uma confissão íntima, e o vento se encarregou de espargir pelo mundo.
Mas lindo, como sempre, Ila!

Beijinhos!!

BLOGZOOM disse...

Ilaine, tão bonito o que escreveu. As vezes fico melancolica, nostalgica. Como é bom escrever num blog, uma janela para a vida, possibilidades, encontros, amizades gratuitas. Viramos as paginas dos dias, nos reencontramos nalgum momento, silenciosamente harmônico.

beijinhos

lula eurico disse...

Ila, amiga,
vim dar notícias e saber de ti.
A saúde vai indo bem. Mas uma preguiça de blogar tem me deixado longe...
Mas tou bem...
E vc, como vai?

Daniel Hiver disse...

Ilaine...
Não pense que não. Mas tenho sentido sua falta. É uma coisa simples esse breve recadinho. Talvez até inexpressivo. Mas espero que esteja bem. Abraço e bom final de semana.

Berê disse...

Quanta poesia! Um abraço forte para quebrar o tijolo.

controvento-desinventora disse...

Maravilhoso. Quanto sentimento, quanta libertação...