Há uma ausência estranha neste abandono. É mais que abandono, é um grito de indiferença. Eles deixam lacunas. Em cada pseudo-compreensão procuro por respostas. O carinho esperado é utopia e ingenuidade. Primeiro acontece a procura e a conquista. Depois, sem aviso prévio, a apatia invade o mundo. Não sou pródiga, procurei ficar. Eu os perdi, mas guardo lembranças. A dedicação, no entanto, é um caminho de pedras e silêncio. Há uma muralha que impede o encontro. A espera se amplia num limite impreciso entre dias, semanas e meses. E então esta falta de prática para lidar com isto... E então esta imensa convulsão... E este tijolo no peito que não se desfaz. Eles se calaram, mas ainda posso ouvir o eco de suas vozes, lá longe. Este espaço nem sempre é uma dança. Muitas vezes, é apenas uma tela quadrada que faz do instante um ritmo silente. Mas há presenças e fidelidade. São esmeraldas e rubis que iluminam as bordas desse Ensaios. Regidos pelo carinho e pelo apreço, pousam nesta folha e pintam flores e alegrias. Dobro agora esta folha. Junto as pontas com precisão para formar um envelope perfeito. Guardo-o com cuidado, como quem guarda uma uma concha. Dentro da concha há uma pérola.
Imagem by ~Schnette
19 comentários:
Oi Ilaine...já sendo tendo o prazer de ler suas palavras..um tanto melancólicas e nostálgicas, mas de uma sensibilidade muito bonita...doce e suave...
Tens martelo aí? Tem? Então quebre este tijolo ou então o aqueça dentro do peito ate ele se desmanchar...rs
Deixa eu ir...pousei na folha, pintei algumas petalas, hora de ir...
Vou...mas te deixo um pouco do meu sorriso valente...
Faz o seguinte, espalhaa o pólem dele por ai...
Breve seu jardim vai estar lotado de sorrisos, ai é só colher...rs
Um abraço na alma..bjo
... falta de prática. As práticas, as experiências nem sempre se traduzem em habilidades com os sufocos, os tiojolos no peito. Mas como o texto diz, dentro da concha há uma pérola.A falta é uma pérola, é um transbordamento de possibilidades. De todo modo, apesar do texto parecer ser só um fragmento de algo maior que não está aqui, é lindo.
Um beijo
Ilaine,
Como sempre, um texto bem escrito, com aquele estilo composto de palavras simples, com a ajuda do coloquial. Agora, não me envergonho de confessar que não entendi essa falta de que você se queixa. Estarei emburrecendo (risos)? Um abraço e uma excelente semana.
P.S. - Sobre o seu comentário lá no Luzes, devo dizer que, ao contrário do que você pensou, e, talvez, outros visitantes, o conto "Uma Música para Dois" é inteiramente fictício. De real, lá, só existe o restaurante e o cinema mencionado, o Rex, que faz parte das minhas lembranças de adolescente em Fortaleza.
Ah Ilaine, penso que entendo essa falta, talvez a falta do olhar, do toque, do comprometimento com outro e do cheiro. Ah o cheiro! Aqui, nesse espaço, somos e nos fazemos amigos "desapegados" - mas amigos - de um jeito diferente.
Beijo
O que eu admiro nos teus contos é a tua capacidade de em poucas linhas transmitir tantos sentimentos. Admiro-te. Bjos.
será a ausência o remédio do amor ...
Beijo.
Seus textos são sempre tão bonitos minha amiga e este me falou direto ao coração.
Bjs.
Sempre esbarraremos em faltas, assim como tijolos que embarreiram e angustiam. Texto dorido, porém belo, como tu.
Grande abraço e boa semana, Ilaine
Pérola - e das mais valiosas - é este texto enfeitado de poesia.
Também sinto por ausências tão presentes! Assim é a vida, composta por momentos e movimentos.
Bjos
...dedicação
é um caminho de pedras perdas e pedidos...
dentro da concha que rola e rala
há uma pérola que nasceu de uma pedra...
bj
Ilaine, li ontem o seu texto e não comentei. Pensei nas faltas.
Hoje lendo me transportou para o mundo dos blogs, das pessoas que visitamso, conquistamos e depois se vão, a falta que fazem. Hoje foi esse o meu sentimento.
Mas nesse texto podemos ter várias interpretações.
beijo
Ilaine:
Lindo e nostálgico texto. Amei!!!
Você é a personificação da sensibilidade. Parabéns.
Abençoada semana para você e os seus entes queridos.
Abração.
"Dentro de cada concha há uma pérola".
E cada uma sempre e cada vez mais rara, ao mesmo tempo que é possível perceber uma espécie de desabafo, parece-me a mim, que é mais uma confissão íntima, e o vento se encarregou de espargir pelo mundo.
Mas lindo, como sempre, Ila!
Beijinhos!!
Ilaine, tão bonito o que escreveu. As vezes fico melancolica, nostalgica. Como é bom escrever num blog, uma janela para a vida, possibilidades, encontros, amizades gratuitas. Viramos as paginas dos dias, nos reencontramos nalgum momento, silenciosamente harmônico.
beijinhos
Ila, amiga,
vim dar notícias e saber de ti.
A saúde vai indo bem. Mas uma preguiça de blogar tem me deixado longe...
Mas tou bem...
E vc, como vai?
Ilaine...
Não pense que não. Mas tenho sentido sua falta. É uma coisa simples esse breve recadinho. Talvez até inexpressivo. Mas espero que esteja bem. Abraço e bom final de semana.
Quanta poesia! Um abraço forte para quebrar o tijolo.
Maravilhoso. Quanto sentimento, quanta libertação...
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